quinta-feira, 27 de junho de 2013

Distúrbios Psicológicos em Relacionamentos Afetivos: Ciúme Patológico

Não é incomum nos dias de hoje nos depararmos com casos de ciúmes exagerados, crimes passionais, violência contra a mulher, casos que chocam como o assassinato de Eloá, do empresário Marcos Matsunaga diretor executivo da empresa Yoki e muitos outros casos que não chegam ao homicídio, mas causam um sofrimento enorme as vítimas porque envolvem violência psicológica e física. Mas o que pode ocorrer num relacionamento, seja namoro ou casamento, para despertar comportamentos tão nocivos?







Ciúme Patológico

O que é ciúme para você? Qual a diferença entre ciúme sadio e patológico? Essa pode ser uma pergunta aparentemente simples de definir, mas é um assunto complexo que necessita de uma avaliação precisa.  O ciúme é uma reação causada pelo medo, real ou fantasioso, de perder algo ou alguém ou que põe em risco a relação com a pessoa amada. Essa é uma definição bem simples que contempla principalmente as relações afetivas. No ciúme sadio existe uma preocupação com o outro, um medo de perder que é controlado. Podem haver brigas, mas elas não fogem ao controle, não extrapolam em situações absurdas.

Já o ciúme patológico é bem mais gritante.  Existem alguns casos na literatura psiquiátrica que ilustram bem esse tipo de ciúme, como o caso de uma mulher que marcava o pênis do marido assinando-o no início do dia com uma caneta e verificava a marca desse sinal no final do dia (Wright, 1994), e o caso de outro paciente, com ciúme obsessivo, que chegava a examinar as fezes da namorada, procurando possíveis restos de bilhetes engolidos (Torres, 1999).


No ciúme patológico existe o desejo de controle total sobre a vida da outra pessoa; cada passo é seguido, ligações para saber onde a pessoa está, com quem está o que está fazendo são um exemplo disso. Outro tipo de comportamento que ocorre é a invasão de privacidade, a pessoa com ciúme patológico exige sua senha de e-mail, verifica constantemente suas ligações e mensagens no celular, vasculha a bolsa da companheira (no caso de homens), e chegam até mesmo a criar problemas no ambiente de trabalho da pessoa, pois se recusam a aceitar que ela mantenha qualquer tipo de interação social com os outros.

A situação piora muito para o companheiro(a) de uma pessoa com ciúme patológico quando ela começa a ter idéias ilógicas e sentimentos desproporcionais nas situações que se apresentam, tais como ataques de fúria, agressão física, depredação do ambiente e ocorre o risco de homicídio, muitas vezes acompanhado do suicídio da pessoa ciumenta.

O ciumento tenta se justificar sempre, muitas vezes usando argumentos vazios, diz que ama a pessoa, se diz arrependido quando percebe que exagerou, mas acaba por repetir o mesmo padrão de comportamento sempre. Isto se agrava quando o ciumento começa a ter delírios (idéias ou crenças baseadas em fundamentos ilógicos ou sem base na realidade), quando imagina que qualquer ato do seu companheiro(a) culminará em traição, quando sua percepção começa a distorcer os fatos e a realidade em torno de suas inseguranças. O ciumento então desenvolve um sentimento de raiva e vingança contra seu companheiro uma vez que tem a certeza absoluta que está sendo traído a todo momento. A mulher tenta sair dessa situação porque percebe que algo está errado, muito embora não saiba que seu companheiro sofre de um problema psicológico grave, mas seu companheiro não aceita o fim da relação, passa a persegui-la e aí é o terreno onde ocorrem as tragédias, os crimes passionais. 


Para prevenir essas tragédias, o importante é você estar atento aos sinais descritos e pedir ao seu parceiro(a) que busca ajuda, que inclui aí um processo de psicoterapia e dependendo do caso pode ser importante o uso de medicação passada pelo Psiquiatra.


Referências:

Torres AR, Ramos-Cerqueira ATA, Dias RS. - O ciúme enquanto sintoma do transtorno obsessivo-compulsivo. Ver. Bras. Psiquiatria 1999;21:3 158-73

Wright S. - Familial obsessive-compulsive disorder presenting as pathological jealousy successfully treated with fluoxetine. Arch Gen Psychiatry 1994;51:430-I

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