Violência. A onda de violência na TV me cansa, me mostra um
mundo doente que não percebe que está doente, um mundo desumano que tenta ser
humano e cada vez mais falha miseravelmente. Pessoas cada vez mais tendo
atitudes incoerentes, deixando seus sentimentos mais sombrios e egoístas
transbordarem em uma série de atos cruéis praticados contra seus semelhantes.
Se o que nos distingue dos animais irracionais é a capacidade de refletir
porque não nos debruçamos sobre essa reflexão e pensamos melhor sobre como a
violência nos permeia? Porque deixamos a violência tomar espaço, ser liberada
como as águas caudalosas de uma represa arrebentada, diretamente escoando de
nosso inconsciente, de nossas frustrações, de nossos desejos sombrios. Porque é
bom ser violento, esse é o motivo.
Somos reprimidos o tempo todo, somos tolhidos em nosso ser
contra nossas frustrações, nossos sonhos esmagados, nossas esperanças
desastrosas e acabamos por afundar em nossa própria angústia, atrás de uma boia
que possa nos salvar da perdição de nossa própria falha. E aí vem a raiva, a
vontade de descarregar todo ódio contra esse mundo injusto, nas pessoas que
acharam que nos prejudicaram, o desejo de vingança vem como uma febre
inesperada tomando todo nosso ser e quando percebemos estamos agindo como nunca
esperávamos que fôssemos capazes. Mas somos, porque o ser humano é o pior
animal do mundo, por ser racional, é capaz de mais irracionalidades que os
irracionais. E assim, a violência cresce pautada nos egos feridos, nos limites
frágeis da constituição humana, atingindo toda sociedade num efeito dominó
incontrolável. Se por acaso trocássemos a violência pela gentileza o efeito
seria muito mais saudável, proveitoso, contudo o homem é seu próprio algoz.
E assim, eu estou cansado, cansado dessa violência sem
sentido. Abomino-a, e abomino a mim mesmo por saber que muitas vezes ela é
necessária.
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