sexta-feira, 19 de julho de 2013

Stress e Qualidade de Vida


Quantos compromissos você tinha hoje? Pensou em tudo o que deveria fazer durante o dia, tarefas como ir ao banco, pegar os filhos na escola, ir para a faculdade, trabalhar o dia inteiro, levar o carro para a oficina, resolver um problema jurídico, limpar a casa, escrever a monografia, ajudar os filhos com a tarefa de casa. Esses são alguns exemplos de cotidiano o qual nós vivemos e que acabam desencadeando um ritmo de vida frenético e cansativo. Trabalhar e estudar, por exemplo, não é uma tarefa das mais fáceis; você tem que lidar com os problemas do trabalho, chegar cansado na faculdade, assistir aula, depois enfrentar o trânsito, chegar em casa, estudar, dormir e repetir tudo na manhã seguinte.  O enfrentamento dessas responsabilidades aliado a hábitos pouco saudáveis irá inevitavelmente gerar um nível de stress no sujeito que poderá ocasionar problemas mais sérios. Mas o que é o stress?

Quando o organismo quando é submetido situações ameaçadoras ou com algum componente emocional intenso, secreta os hormônios epinefrina (adrenalina) e norepinefrina noradrenalina) que, através da corrente sanguínea, chegam às terminações nervosas do sistema nervoso simpático provocando a aceleração do batimento cardíaco e da respiração, acompanhado do aumento de fluxo de sangue para os músculos do esqueleto e da liberação de gorduras, ou seja, o organismo prepara-se para lutar ou fugir.

Rodrigues (1997) traz uma definição de estresse como:

 "Uma relação particular entre uma pessoa, seu ambiente e as circunstâncias às quais está submetida, que é avaliada pela pessoa como uma ameaça ou algo que exige dela mais que suas próprias habilidades ou recursos e que põe em perigo o seu bem-estar" (p.24)

O stress vem quando a pessoa entende aquela situação como perigosa (sendo esse um processo inconsciente), prejudicial ou se sente oprimida pelo ambiente, causando as reações físicas como irritabilidade, ansiedade, medo, dores musculares, fadiga, insônia, perda de apetite, taquicardia, diminuição da concentração e memória. O excesso de stress sendo vivido por esse indivíduo diariamente, por um longo período, pode gerar problemas mais sérios como Transtorno de AnsiedadeGeneralizada, Transtorno de Pânico, Neurastenia, Depressão.  Para evitar isso, é fundamental que as pessoas aprendam a lidar com o stress, uma vez que evitá-lo é bem mais complicado. Mas então como fazer isso?


Hábitos saudáveis sempre ajudam, tais como: uma boa alimentação (reduzir o sal, açúcar e frituras, comer mais frutas, beber muita água); praticar alguma atividade física, até uma caminhada na pracinha já ajuda (escolher os dias da semana para tal se o seu cotidiano for muito puxado); evitar o fumo e o excesso de bebidas alcoólicas. Elabore estratégias para tentar evitar passar horas no trânsito (se puder ir a pé para o trabalho ou de bicicleta), evite a cafeína (além de ser um estimulante, o abuso dessa substância causa malefícios associada ao stress), evitar levar os problemas para a cama ou ficar pensando no que tem de fazer no dia seguinte antes de dormir, organizar melhor o dia para não se sobrecarregar de responsabilidades. Além disso, tentar não se aborrecer por pequenas coisas, ter um horário para o lazer e não acumular sentimentos negativos.



Faço aqui um parêntese sobre a questão do lazer. Atendo muitos pacientes que não entendem o significado do lazer e acabam por fazer coisas que acham que devem fazer, mas que realmente não querem. O lazer é uma atividade relaxante, prazerosa para a pessoa, onde ela irá se desligar das responsabilidades, dos problemas, onde ela poderá desfrutar de algo seu sem nenhuma obrigação. O que é lazer pra mim pode não ser para você. Tem gente que odeia ir a praia e tem gente que detesta cinema. Então o lazer é algo particular de cada um, o importante é não esquecer da regra de ouro, deve ser algo que lhe traga prazer e relaxamento e que não haja obrigações envolvidas.



Todas essas estratégias vão melhorar sua qualidade de vida, pois no nosso modo de vida atual é impossível não ter stress por conta das responsabilidades, mas podemos viver melhor mudando alguns hábitos. Caso seu stress esteja elevado e você não esteja dando conta, causando uma sensação de confusão que te impede de tomar decisões em várias áreas da sua vida, procure um Psicólogo para lhe auxiliar a enfrentar esse momento de crise. No mais, aproveitem bem a vida que dá tudo certo!



Referências:


Rodrigues, A. Stress, trabalho e doenças de adaptação. in: Franco, a.c.l. &Rodrigues, a.l. (1997). Stress e trabalho: guia prático com abordagem psicossomática. São Paulo: Atlas.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Psicologia, Cinema e Pipoca #4: Uma Mente Brilhante

Trago hoje para vocês esse filme que retrata muito bem o desenvolvimento de um transtorno psicológico na visão do paciente. Não quero entrar em detalhes para não dar spoiler sobre o filme, mas recomendo fortemente. 

Uma Mente Brilhante

Título Original: A Beautiful Mind
Ano: 2001 
Atores principais: Russell Crowe, Ed Harris, Jennifer Connelly 
Direção: Ron Howard
Gênero: Drama


Sinopse: John Nash (Russell Crowe) é um gênio da matemática que, aos 21 anos, formulou um teorema que provou sua genialidade e o tornou aclamado no meio onde atuava. Mas aos poucos o belo e arrogante Nash se transforma em um sofrido e atormentado homem. Porém, após anos de luta para se recuperar, ele consegue retornar à sociedade e acaba sendo premiado com o Nobel.



Esse filme retrata a vida de John Nash, que atualmente ainda é vivo, no começo de sua carreira quando começou a se aprofundar em várias teorias matemáticas e que trabalhou na Teoria dos Jogos. É um filme biográfico que mostra a relação pessoal e laboral de Nash, quando ele começou a ter problemas relacionados ao seu trabalho e como isso mudou sua vida. Nenhuma pessoa que estuda saúde mental deveria ficar sem ver esse filme. 

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Distúrbios Psicológicos em Relacionamentos Afetivos: Codependência

Outro fenômeno que ocorre nos relacionamentos afetivos é a codependência, mas antes de defini-la, vamos

falar sobre o conceito de dependência.  Dependência é quando o indivíduo não é capaz de realizar algo ou dar conta de sua vida sozinho, ele precisa de alguém para auxiliá-lo nesse processo. Geralmente somos muito dependentes dos pais na infância, quando estamos desenvolvendo nossa personalidade e compreendendo o mundo através das relações e do brincar. O adolescente já é bem menos dependente, ele já tem consciência de seu papel, de suas necessidades, comumente eles são dependentes financeiramente dos pais. Mas existe outro tipo de dependência que é bem mais complicada: a dependência emocional.

É fácil caracterizar uma pessoa dependente, uma vez que ela assuma uma postura essencialmente passiva; ela deseja que suas necessidades sejam satisfeitas, mas costumam fugir das responsabilidades, criam uma série de desculpas e mecanismos de evitação para não assumir as consequências de seus atos, manipulam os outros para satisfazerem suas necessidades assumindo um comportamento de vitimização. Esse processo pode ganhar uma dimensão muito maior e levar a pessoa a desenvolver uma codependência.

Se faça as seguintes perguntas: Você se preocupa intensamente com outra pessoa? Você precisa estar perto daquela pessoa? Você se sente perdido quando não consegue estar perto? Você precisa do amor exclusivo e absoluto de alguém e só procura sua companhia? Você vê os amigos e familiares desta pessoa como competição? Você é ciumento? Você só consegue se decidir ou agir se a pessoa em questão aprovar?

Dependendo das respostas você pode estar vivenciando uma codependência, que é uma tendência de se comportar passivamente em excesso, que leva a impacto negativo nos relacionamentos e na qualidade de vida de um indivíduo. É geralmente vista como colocando as necessidades do indivíduo abaixo das necessidades dos outros e ficar preocupado em excesso com outros.

O codependente sofre muito com sua condição, pois sua vontade geralmente é subjugada quando se relaciona com pessoas controladoras, autoritárias ou com manifestações de ciúme patológico. Quando o companheiro do codependente é controlador, ciumento, agressivo, ocorre uma sujeição nesse relacionamento que impede o codependente de fazer o que gosta, tendo que se submeter as vontades do outro em detrimento da sua. Já atendi casos onde o marido impedia a mulher (ela sendo a codependente) de estudar, trabalhar e ainda era violento com ela, verbal e fisicamente. Fica claro nesse exemplo que ele queria cortar qualquer possibilidade da mulher de se desligar dele, fortalecendo a relação de dependência.


Muitas mulheres (elas são as mais atingidas pela codependência) vivem situações desse tipo onde se submetem totalmente ao marido, acreditando que isso é amor (ou uma prova do mesmo), entretanto se faz necessário refletir que tipo de amor é esse que domina, massacra e traz um profundo sofrimento. Que amor é esse que aceita a violência porque o marido lhe sustenta ou dá o sustento dos filhos, como se fosse uma justificativa para suportar as agressões? Essas mulheres tem uma autoestima baixa, esquecem de si e se importam demais com o companheiro que as maltrata. É uma condição que requer um acompanhamento psicológico de modo que essa pessoa possa se redescobrir, possa aprender a se valorizar, a compreender como se dá essa dependência afetiva na sua relação e poder criar estratégias para lidar com isso.

O primeiro passo para a mudança da situação é reconhecer a dependência afetiva, mas não é algo que possa ser mudado com facilidade pela pessoa, a orientação profissional é fundamental, pois mesmo com a vontade de mudar não é suficiente para a pessoa codependente, ela simplesmente não consegue superar essa barreira sozinha.



Referências: