segunda-feira, 19 de setembro de 2016

SUICÍDIO- O QUE FAZER PARA PREVENIR?

Setembro é o mês em que intensifica a conscientização da sociedade para a prevenção do suicídio, problema que hoje cada vez mais está presente em nossa sociedade e é velado, de modo que a grande maioria das pessoa não está a par dessa triste realidade.


O suicídio é hoje um grande problema de saúde pública, os dados epidemiológicos que temos demonstram isso, e esses mesmos dados estão a mostrar apenas uma pequena realidade do número de mortes por suicídio, uma vez que o tabu, a falta de preparo e outros obstáculos impedem o registro adequado das mortes por suicídio, não apenas no Ceará, mas no Brasil como um todo.


Como podemos então, agir de modo que esse número alarmante de mortes diminua? A resposta está na prevenção, mas para prevenir é preciso não apenas conhecer o fenômeno e como ele se manifesta, mas também a intervenção de políticas públicas efetivas. Então vamos falar um pouco acerca da prevenção.

Segunda a Organização Mundial da Sáúde (OMS), 


  • 800.000 pessoas suicidam-se por ano;
  • Cerca de 3.000 pessoas por dia;
  • Uma morte a cada 40 segundos;
  • Para cada pessoa que se suicida, 20 ou mais tentam se matar.
No Brasil os números são alarmantes. 

O QUE LEVA UMA PESSOA A TENTAR SUICÍDIO?

Sabemos por estudos estatísticos que cerca 90% das pessoas com ideação suicida ou que tentaram suicídio tem algum tipo de transtorno mental, diagnosticado ou não. 




Fora isso temos os fatores de risco para o suicídio, que são critérios que potencializam o surgimento da ideação suicida e da tentativa em si. Dentre esses fatores elencamos aqui os mais comuns:


  • Tentativa de suicídio ou auto-mutilação anterior;
  • Comorbidades (mais de um transtorno associado) ou tratamento psiquiátrico anterior;
  • Desemprego;
  • Stress social;
  • Abandono;
  • Álcool e abuso de drogas;
  • Dor  física  ou dor crônica;
  • Trauma, tal como abuso físico e sexual; 
  • Doença física incapacitante ou doloroso, incluindo dor crônica(citamos o HIV e câncer como exemplos);
  • Certas profissões profissões com os meios / conhecimento se matar (veterinários, médicos, dentistas, farmacêuticos, agricultores, etc. Por incrível que possa parecer os médicos encabeçam uma das profissões em que mais se comete suicídio)
  • Pouco apoio social / viver sozinho;
  • Eventos significativos da vida - luto (perdas de entes próximos), desagregação familiar;
  • Bullying (às vezes um fator em crianças e adolescentes em mídia social).
Percebemos com essas informações que a vontade de morrer é uma consequência de fatores que leva o indivíduo a um sofrimento tremendo, tendo ele desesperança, desamparo e desespero, sendo o suicídio o alívio mais rápido para essa situação. Entretanto, quando os fatores de risco são detectados e tratados, a vontade de morrer vai sumindo, e o individuo começa a dar um novo sentido a sua vida. Embora nem sempre esse processo seja fácil/ rápido (nunca é), existe sim um tratamento e um caminho para a vida.


COMO PREVENIR O SUICÍDIO?

Existem diversas medidas de prevenção de acordo com contextos específicos, então o que farei aqui é um apanhado geral acerca da prevenção do suicídio. Primeiramente, sabemos que a maioria dos pacientes que tentaram suicídio comunicaram antes, de alguma forma suas intenções, ou deram sinais que foram ignorados por familiares e pessoas próximas. Desta forma, nunca ignore um relato de alguém que fala ou pensa em se matar. Esqueçam essa estória de "cão que ladra não morde". Se a pessoa fala em morrer é devido a um sofrimento intenso, e caso ela não receba amparo ela pode sim vir a cometer o ato.

Isolamento, alteração do comportamento (comportamentos estranhos), alteração do humor, são alguns. Sabemos que 90% das pessoas com ideação suicida ou que tenta suicídio tem algum transtorno, então é importante que essa pessoa seja encaminhada ao Psiquiatra ou Psicólogo (em alguns casos, é necessário o acompanhamento de ambos). 

Restringir meios letais também entra na prevenção, quanto menos acesso pessoas com ideação suicida tiverem a armas, objetos cortantes/perfurantes, venenos e substâncias químicas, mais protegida estará. Além disso, uma pessoa com forte ideação suicida e/ou tentativa prévia de suicídio, não deve ficar sozinha. 

É importante desconstruirmos o tabu acerca do suicídio, as pessoas não devem ter medo ou vergonha de pedir ajuda e por outro lado, a família deve estar atenta com seus filhos, maridos, esposas, porque o suicídio é uma realidade que pode afetar qualquer um, independente de qualquer coisa. É um problema de saúde, pode ser tratado, não é um desvio moral ou religioso. Busque ajuda.


#espalheamarelo #espalhevida #prevençãoaosuicídio



Referências:

Gassmann-Mayer, C. Jiang, K., McSorley, P., Arani, P. et al (2011). Clinical and Statistical assessment of suicidal ideation and behavior in pharmaceutical trials. Clinical Pharmacology & Therapeuticss, 90, 483-485.


Kelly Piacheski de Abreu, Maria Alice Dias da Silva Lima, Eglê Kohlrausch, Joannie Fachinelli Soares. Comportamento suicida: fatores de risco e intervenções preventivas. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2010;12(1):195-200. Disponível em: <https://www.fen.ufg.br/fen_revista/v12/n1/pdf/v12n1a24.pdf> Acesso em: 24 de Agosto de 2016.

Inside Japan Suicide Forest. Disponível em: < http://www.japantimes.co.jp/life/2011/06/26/general/inside-japans-suicide-forest/#.V9CBpSlrjIU> Acesso em: 01 de Agosto de 2016.

Prevenção ao suicídio: manual dirigido aos profissionais de saúde mental. Ministério da Saúde. Brasil, 2006.

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CARNEIRO, Anna Bárbara de Freitas . Suicídio, religião e cultura: reflexões a partir da obra “Sunset Limited”. Reverso vol.35 no.65 Belo Horizonte jul. 2013. Disponível em: 
< http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-73952013000100002 >. Acesso em: 02 de Agosto de 2016.

WORDEN, j. W. . Terapia do luto: um manual para o profissional de saúde mental. Porto Alegre: Artes Médicas(1998).

KÜBLER-ROSS, E. . Sobre a morte e o morrer: o que os doentes terminais tem para ensinar a médicos, enfermeiras, religiosos e as seus próprios parentes. São Paulo: Martins Fontes, (1998). 

BOWLBY, J. Apego e perda:perda: tristeza e depressão. São Paulo: Martins Fontes. 1985

MARTINS, S. A. R & LEÃO, M. F. Análise dos Fatores Envolvidos no Processo de Luto das Famílias nos Casos de Suicídio. Revista Mineira de Ciências da Saúde. Patos de Minas: UNIPAM, 2, 123-135.

OSMARIM, Vanessa Maria. Suicídio: O luto dos sobreviventes. 2015. Disponível em: <www.psicologia.pt/artigos/textos/A0981.pdf> Acessado em 10 de Agosto de 2016.

Suicídio: pesquisadores comentam relatório da OMS, que apontou altos índices no mundo. Fonte: Informe ENSP. Disponível em: <http://portal.fiocruz.br/pt-br/content/suicidio-brasil-e-8o-pais-das-americas-com-maior-indice>. Acesso em 12 de agosto de 2016.







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