quarta-feira, 28 de novembro de 2018

5 ORIENTAÇÕES IMPORTANTES PARA QUEM TEM TRANSTORNO BIPOLAR


Hoje gostaria de falar com vocês sobre Transtorno Bipolar. Para quem não leu ainda sobre o que é esse transtorno mental, pode acessar a matéria completa aqui no blog clicando aqui! Meu objetivo hoje aqui é falar um pouco sobre como o paciente, devidamente diagnosticado com esse transtorno, pode ter uma melhor qualidade de vida, através de dicas simples que se seguidas com empenho irão se reverter em ganho para a pessoa. Vamos lá!



5 orientações para conviver bem com o Transtorno Bipolar:

1-TOME AS MEDICAÇÕES REGULARMENTE: O Transtorno Bipolar (TB) é um transtorno crônico e por esse motivo irá acompanhar o paciente por toda vida. Daí a adesão ao tratamento ser um ponto muito relevante nesse processo, e o tratamento inclui acompanhamento psiquiátrico e psicológico, mas nem todos os pacientes aderem a ambos, infelizmente. São os medicamentos que vão proporcionar o controle dos sintomas, reduzir a gravidade dos episódios de mania e depressão. Quando o paciente passa a tomar regularmente as medicações as alterações de humor passam a ser mais espaçadas, e a intensidade dos sintomas diminui. O uso regular também permite que seu médico psiquiatra possa ajustar a dose corretamente, proporcionando assim a redução de possíveis efeitos colaterais e dá mais segurança a esse profissional em relação a dose que o paciente necessita. Evite comparações com outros pacientes, cada pessoa reage diferente à medicação.


2- DORMIR BEM: Apesar de ser uma dica importante para qualquer ser humano, o paciente com transtorno bipolar é mais sensível a alterações no ciclo de sono-vigília, o que gera estresse que pode potencializar crises maníacas ou depressivas. Então ter um horário estabelecido para dormir é fundamental, pois gera um hábito no organismo em que o cérebro identifica que aquele é o horário de repouso. Evite ingerir bebidas estimulantes depois das 18h, e qualquer líquido próximo do horário que você for deitar para dormir. Líquidos ingeridos nesse horário aumentam as chances de interromper o sono para ir ao banheiro. Evite refeições pesadas, gordurosas, de difícil digestão, muito condimentadas, próximo da hora de dormir. Evite fazer exercícios muito extenuantes perto do horário de dormir. Cuide para que o ambiente em que dorme seja confortável, arejado, sem estímulos (barulhos, variações de temperatura, etc) que possam atrair sua atenção ou acordar você durante o sono. Evite o celular próximo da cama, assim como TVs ligadas. Por fim, a cama deve ser um lugar reservado para o descanso ou para praticar relações sexuais, evite fazer refeições na cama ou trabalhar nela. 


3-EVITE O ESTRESSE: esse item pode se provar realmente desafiador, como evitar o estresse numa sociedade como a nossa? O problema é que eventos estressantes desempenham um papel significativo dos episódios depressivos e maníacos do paciente com TB. Ter uma rotina é importante pois ajuda a organizar o cotidiano, regular o relógio biológico, etc. Uma agenda ajuda bastante a organizar-se, para evitar sobrecarga de tarefas ou esquecer tarefas, controlando melhor os níveis de atividades e responsabilidades do dia a dia. Outra forma de lidar com o estresse é procurar um psicólogo e fazer psicoterapia. Esse procedimento pode contribuir muito para o paciente identificar melhor os fatores que geram estresse e o profissional psicólogo auxilia ativamente na elaboração de estratégias efetivas para enfrentar essas situações.

4-EVITE O USO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS: uma dificuldade encontrada por grande parte dos pacientes com TB é justamente evitar o álcool. Uma parcela considerável dessas pessoas já fazia uso abusivo do álcool antes e depois do diagnóstico. O problema do álcool é que pode levar a problemas no fígado, alterações do funcionamento cerebral, convulsões, perda de memória, comprometimento cognitivo, depressão entre outros. Além do mais se o paciente está tomando a medicação para controlar os sintomas do TB ele pode experienciar náusea, vômitos, alterações da consciência e reduzir significativamente a eficácia das medicações.  Outras drogas, como a maconha, que é amplamente usada, dificulta a adesão ao tratamento, diminui a eficácia de certos medicamentos por conta das interações farmacológicas e seu uso contínuo pode potencializar o surgimento de sintomas psicóticos no paciente (o paciente começa a delirar, alucinar, ficar paranoico, etc). Cocaína e crack podem agravar os sintomas maníacos ou depressivos, deixa o indivíduo mais agressivo, inconsequente, impulsivo, assim como aumenta o risco de internações e tentativas de suicídio. Logo, evitar essas substâncias só vai agregar a um bom prognóstico do paciente e melhorar muito sua qualidade de vida.

5-PRATIQUE ATIVIDADE FÍSICA: estudos mostram que pacientes com TB tem risco aumentado de desenvolver doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade e câncer. Quanto mais comorbidades, pior o prognóstico do paciente com TB. Por isso indicamos a prática de atividade física, pois é fonte de benefícios físicos e mentais, além de diminuir a probabilidade do surgimento das doenças que citei acima, alivia os sintomas depressivos, melhora o humor e a performance das atividades diárias, além de regular o sono e reduzir o nível de ansiedade. Mas o que ocorre com a prática de atividade física que melhora tanta coisa no nosso organismo? Quando fazemos exercícios nosso organismo produz endorfinas e neurotransmissores que melhoras o humor e reduzem os níveis do cortisol, hormônio associado ao estresse. Então não importa qual, musculação, corrida, pedaladas, mas pratique uma atividade física para se beneficiar desses efeitos. 


Espero que agora, com essas orientações, você que tem TB possa dar mais atenção a sua saúde, cuidar mais de si e ter uma vida mais regrada e saudável, porque no fim só depende de você e das suas escolhas. E que as pessoas que tem algum amigo ou parente que tenha esse transtorno possam sensibilizá-los para essas mudanças.


REFERÊNCIAS:


Souza, Fábio GM. (Org.). Você tem transtorno bipolar? Fortaleza: Premius, 2017.

American Psychiatric Association. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais DSM-5. Porto Alegre: Artmed;2014.

Souza FGM. Tratamento do transtorno bipolar   - Eutimia. Rev Psiquiatr. Clín. 2005;32 (Suppl.10):63-70.

Lex C, Bazner E, Meyer TD. Does stress play a significant role in bipolar disorder? A meta-analysis. J Affect Disord. 2017;208 (August 2016): 298-308.

Berutti M, Dias RS, Pereira VA, Lafer B, Nery FG. Association between history of suicide attempts and family functioning in bipolar disorder. Journal of Affective Disorders. 2016;192:28-33.





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