O medo é uma reação natural e evolutiva do organismo com o objetivo de protegê-lo de algo ameaçador. Entretanto, muitas vezes o ser humano acaba refém do próprio medo. Os animais sentem medo mas o processam de forma instintiva, diferente de nós que temos consciência do medo e criamos medos que não existem. E o propósito desse texto é justamente isso, falar desses medos interiores.
Segundo o dicionário:
MEDO
substantivo masculino
1.
psic estado afetivo suscitado pela consciência do perigo ou que, ao contrário, suscita essa consciência.
"m. ao se sentir ameaçado"
2.
temor, ansiedade irracional ou fundamentada; receio.
"m. de tomar injeções"
Existe um mecanismo bem conhecido nos animais: a reação de luta ou fuga. É uma herança genética que permitiu que os animais se adaptassem as situações de perigo e foi repassado até nós. Não temos hoje, nós humanos que nos preocuparmos com animais selvagens enquanto dormimos ou com movimentos suspeitos nos arbustos. A centenas de anos atrás era bem diferente. Todavia hoje nos preocupamos se nosso chefe vai nos demitir, se aquele cara estranho no ponto do ônibus vai nos assaltar, se o avião que passa por uma turbulência vai cair. Essas situações podem desencadear em nós o mesmo mecanismo de luta ou fuga, mas que com o tempo pode se transformar num problema: o transtorno de ansiedade generalizada. Para saber mais sobre ansiedade, clique aqui.
O homem, com sua capacidade mental de pensar sobre as coisas, também incorre em fantasiar demasiadamente, pensando em eventos que não aconteceram, podendo assim gerar medo e expectativas em coisas que não existem. Chamamos isto de fantasiar.
Quando o rapaz está na festa, ele é tímido e quer iniciar uma paquera, suas mãos começam a transpirar frio, seu coração acelera, a boca fica seca, ele sente o estômago se revirar. Uma reação de ansiedade está se desenrolando em seu corpo. Mas ele não sabe disso, não sabe que o medo que ele alimentou em seus pensamentos, "o que ela vai dizer", "será que vou levar um não", "e se ela me ignorar", desencadeou uma reação ansiosa.
Medo de falhar, é um dos mais comuns fatores que levam a uma reação ansiosa. Mais existem muitos outros medos. A mulher que mora sozinha, por exemplo, pode ter medo de ser estuprada, de invadirem a sua casa e lhe fazerem mal. Inexplicavelmente ela começa a sentir o coração acelerar, falta de ar, tremores nos membros, uma sensação de pânico. Ela sente isso em casa, no trabalho, com a família. Até ela buscar atendimento psicológico, não ficará claro para essa moça que o que ela vivencia é uma reação ansiosa a suas fantasias, pensamentos que despertam seus temores mais profundos.

Se eu ando numa rua perigosa e sei disso, posso ter medo para me proteger, mesmo que o ladrão nunca apareça eu vou estar em estado de alerta como forma de me prevenir de qualquer coisa. Mas se começo a imaginar centenas de situações ruins, estou alimentando minha mente com muita informação desnecessária de eventos improváveis, estou permitindo que essas reações desagradáveis ocorram no meu corpo.
A melhor forma de evitar isso é conversar sobre seus medos, percebe-los e assumi-los, buscando evitar passar uma imagem de pessoa inabalável, que não tem medo de nada, que nada lhe afeta. Somos humanos e somos passíveis de sermos afetados por qualquer coisa. Ter determinado medo não é demérito ou fraqueza. Quando conhecemos melhor esse medo temos a chance de poder encará-lo e enfrentá-lo. Caso não consiga sozinho, então é hora de buscar um psicólogo para te ajudar nesse processo.
Referências:
http://www.uel.br/grupo-estudo/analisedocomportamento/pages/arquivos/ANSIEDADE_PANICO.pdf
http://clickeaprenda.uol.com.br/portal/mostrarConteudo.php?idPagina=30151